GUIA DE LEITURA
Texto: Texto e hipertexto: o "hiper" do hipertexto e outras questões
1-
Qual
a motivação do autor para propor um estudo sobre o “hiper” do hipertexto, ou
seja, o que o autor pretende com o texto?
Em
linhas gerais, podemos dizer que os objetivos principais do autor é, de um lado,
esclarecer o prefixo “hiper” de “hipertexto” como sendo atribuído à sua qualidade
multidimensional (e não ao suposto pensamento do senso comum de que ser ‘hiper’
é ser melhor), e, de outro, defender a necessidade de que o hipertexto e sua relação com o texto seja estudado no âmbito da
Linguística, a fim de que sejam explorados não apenas os conceitos técnicos e
sua usabilidade, mas, também, sua textualidade.
2-
Quais
questões o autor discute? Enumere-as e comente-as, dando sua opinião e
acrescentando ou refutando seus argumentos.
Das questões discutidas
pelo autor no decorrer de seu texto, destaco as seguintes:
1- Estudo
das características linguísticas do hipertexto: concordo que a definição de hipertexto a partir de aspectos técnicos e de sua usabilidade é insuficiente; é necessário um tratamento do hipertexto pelo viés linguístico, a fim de que sejam exploradas exaustivamente sua produção e recepção.
2- Estudo
da relação texto/hipertexto no âmbito da Linguística: o estudo desta relação só é possível, de fato, no âmbito da Linguística; penso que, das as semelhanças e diferenças entre eles, o hipertexto questiona o texto, especialmente o texto impresso, quando coloca em evidência alguns dos elementos de textualidade.
3- A
construção da coerência no hipertexto: esta foi, de fato, uma das minhas inquietações ao ler este texto. Parece-me que o produtor do hipertexto "idealiza" uma coerência e a materializa na disposição dos links, mas isso não garante que seu leitor alcance esta coerência, tendo em vista a flexibilidade do hipertexto.
4- Hipertexto
e texto eletrônico: esta questão levantada pelo autor foi extremamente esclarecedora para mim; percebi que nem todo texto veiculado no meio eletrônico se caracteriza como um hipertexto. Para ser hipertexto, deve apresentar links, ou seja, ser multimodal (e não unilateral).
5- A
característica logocêntrica da WEB: esta questão é, de fato, muito pertinente, basta observarmos as limitações de muitos dos textos veiculados pela internet. Embora possuam links, como vídeos, imagens e outros elementos, são ainda "arquitetados" a partir da visualização de um texto impresso. O Prof. Luiz fez-nos enxergar isso a partir de uma notícia postada na página da UFAL.
3-
Quais
os autores/obras que ajudam o autor a fundamentar sua argumentação? É possível
fazer um quadro seguindo critérios de posicionamento de cada um deles?
O quadro abaixo não esgota o posicionamento de cada um dos autores, mas sintetiza os principais destaques no texto:
Brage & Ricarte (2005)
|
- discutem a abrangência conceitual do termo ‘hipertexto’;
|
Pefferti (1996)
|
- explica o ‘hiper’ de hipertexto como um juízo de valor (hiper é
bom e linear não é);
- defende o deslocamento do estudo de texto x hipertexto para
processo x uso;
- leitor (processo
cognitivo) x usuário (usabilidade)
|
Mial (1998)
|
- defende a necessidade de partir-se do texto impresso (leitura,
escrita e processos psicológicos) para estudar-se o hipertexto;
|
Rouet & Levonen (1996)
|
- partem da comparação entre texto e hipertexto em busca de
semelhanças entre eles;
- afirmam que a linearidade não é o diferenciador do texto e do
hipertexto, mas, sim, a usabilidade;
|
Koch (2005)
|
- compara texto e hipertexto com o intuito de encontrar
semelhanças entre eles;
- defende que a única diferença entre ambos está apenas no suporte
e na forma e rapidez de acesso;
|
Lemke (2002)
|
- explora radicalmente diferenças entre texto e hipertexto: não há
um eixo narrativo ou argumentativo que relacione as unidades de informação
presentes no hipertexto;
|
Marcuschi (2006)
|
- afirma que o hipertexto não é um fenômeno do meio estritamente
eletrônico ou exclusivamente do mundo digital;
|
Braga (2003; 2004; 2005)
|
- defende o hipertexto como uma continuidade do texto impresso e a
centralidade dos links no hipertexto;
- assume o hipertexto como o produto de uma nova modalidade
linguística no meio digital que está sujeito aos limites e possibilidades
inerentes ao meio;
|
|
4-
Qual
a crítica que o autor faz a respeito das mudanças de foco nas pesquisas sobre
hipertexto e sobre os modismos acadêmicos?
Embora
tenha havido uma mudança de foco nas pesquisas sobre hipertexto, que se direcionam para um olhar cada vez mais linguístico, Gomes afirma que os
estudos ainda estão presos à visão do texto impresso. O hipertexto, na
opinião do autor, questiona vários dos conceitos formulados pela Linguística
Textual, conceitos estes que ainda são baseados muito fortemente nessa visão do texto
impresso, linear. Em razão disso, podemos supor que pouco sabemos sobre o que é,
de fato, o hipertexto, tendo em vista a escassez de pesquisas que encarem “de
frente” as particularidades desta nova modalidade linguística (embora o autor
afirme várias vezes no texto que este quadro têm se alterado).
5-
O
que ou em que as pesquisas na área de Linguística Aplicada e Linguística de
Texto deveriam se ater para estudar o hipertexto? Quais questões estão em
aberto, segundo o autor?
Sendo
o hipertexto de natureza essencialmente digital, as pesquisas devem partir da
consideração desse meio digital de produção e de circulação do hipertexto. Conforme
afirma Braga (2005) (e isto é corroborado por Gomes), o hipertexto está sujeito
às particularidades do meio digital. Estas características abrem questões que
sequer foram exaustivamente discutidas no âmbito da Linguística Textual, a
saber, os conceitos de texto, textualidade, intra e intertextualidade, produção
de sentido e produção escrita, ente outros. A questão do uso pedagógico do
hipertexto na escola é outro destaque do autor.
6-
É
possível fazer um quadro entre as semelhanças e diferenças entre texto e
hipertexto? Discuta essa possibilidade e proponha um quadro. Acrescente uma
coluna com suas próprias observações e comentários a respeito de cada item.
Texto
|
Hipertexto
|
unidimensional;
as informações são obtidas em um único texto;
as páginas são organizadas sequencialmente;
a progressão é predefinida pelo autor;
o leitor pode caminhar para onde quiser;
suporte material (de certo modo, limitado);
as expansões são secundárias.
|
multidimensional;
as informações são integradas em vários textos;
as páginas são organizadas em rede;
a progressão é controlada pelo usuário;
o leitor depende da existência de links; suporte eletrônico (ilimitado);
as expansões são centrais;
só existe enquanto texto eletrônico.
|
7-
Acrescente
seus comentários, dúvidas e interesses nesse guia de leitura.
Trago para discussão o seguinte trecho
do texto:
“Rouet e Levonen creditam à usabilidade a grande
diferença entre texto e hipertexto; para eles, no meio eletrônico é mais fácil
para os leitores tirarem vantagem das características não lineares disponíveis,
como no caso de leitores com deficiência de vocabulário ou de conhecimento prévio
que podem beneficiar-se de graus de não linearidade moderados, como, por
exemplo, definições on-line e acesso a informações adicionais enquanto
leem, ou seja, a vantagem está na usabilidade.” (p. 6-7)
Com base em
minha experiência enquanto leitora, especialmente de textos acadêmicos, penso
que mesmo na leitura de textos impressos posso tirar “vantagem”, com total facilidade, de meios
eletrônicos para consultar o significado de palavras desconhecidas ou mesmo
para ampliar uma informação contida no texto impresso. A
existência de celulares cada vez mais modernos, com acesso à internet e com “atribuições”
de um computador favorece ainda mais este tipo de uso. Nesse sentido, não
concordo plenamente com o posicionamento de Rouet e Levonen de que a
usabilidade é a grande diferença entre texto e hipertexto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário